sexta-feira, agosto 24, 2007

Parque da Pequena Flor

11 de Agosto de 2007. O dia em que a Aanifeira deu um salto qualitativo na vida dos animais que alberga.

Acredito que todas as vitórias na vida de uma associação animal são conquistadas de forma árdua e que a paciência e perseverança são as chaves para se conseguir um trabalho sério e vocacionado apenas para aqueles que albergamos.

No nosso caso particular, a falta de recursos financeiros obriga-nos a desmultiplicar-nos em bater em mil portas, levar com novecentas ausências de resposta (que são bem piores que um não), com noventa e nove promessas que nunca serão cumpridas, até que uma porta finalmente se abre. Agarramo-nos a essa porta com unhas e dentes e em nome daqueles que foram menosprezados por uma sociedade que não cumpriu com a sua obrigação, agradecemos profundamente este gesto de rara generosidade.

Foram dez árduos meses para se conseguir várias toneladas de aterro e alguém que se predispusesse a levar uma máquina capaz de efectuar uma terraplanagem. O parque onde supostamente os animais deveriam ser soltos para poderem espairecer, queimar energias e stress acumulado, já tinha o seu cercado há quase um ano, mas devido a um enorme desnível que originava acumulação de águas pluviais, nunca chegando a secar nem mesmo nos períodos mais secos, encontrava-se inactivo.

Mas finalmente esse dia chegou!

É indescritível o que sentimos na primeira vez que soltamos os primeiros cães no parque. Só posso mesmo descrever o que vimos.

Optamos por soltar os que na nossa perspectiva se encontravam nas piores condições. Aquele malfadado segundo corredor do pavilhão, onde a luz penetra indirectamente oriunda das janelas laterais do primeiro e terceiro corredores.
Escolhida a primeira box, onde residem seis cães entre o pequeno e médio porte, abrimos a porta da mesma. Os olhares assustados encostaram-se na parede do fundo, sem saberem muito bem o que fazer. “Vamos, venham” dizíamos. A porta da box completamente escancarada, caminho aberto para a saída. Encostavam-se ainda mais no fundo. Chamamos, daquela forma característica que todos se habituaram a chamar os cães, beijinho no ar “vem pequenino, vem cá”. Nada! Foram dias, semanas, meses, anos sem nunca ter saído da box… “é este o nosso mundo, porque querem que saiamos?”
Bem… o melhor mesmo é pegar neles e mostrar o que temos para lhes dar. Foi literalmente pegar neles ao colo, pois não estávamos a contar com aquela reacção e por isso nem trelas levamos. Tarefa nada fácil nalguns casos. Lembro-me de uma cadela que deve ter ingerido chumbo durante todos estes anos tal era o seu compacto peso.
Chegados cá fora, quase posso jurar que a primeira reacção foi arregalar os olhos. Pousamos no chão, olharam em redor, incrédulos com o que viam. O dia estava magnífico, como que a celebrar este lindo acontecimento. Após uns breves segundos e palavras de incentivo a alegria rebentou. Correr, brincar, saltar, cheirar novos cheiros, rebolar na terra, respirar ar fresco… VIVER! A alegria deles é absolutamente contagiante. Demos por nós a participar nas corridas e brincadeiras.
Alguns dos mais apáticos dentro das boxes, ganhavam vida cá fora, os velhinhos rejuvenesciam décadas, os que tinham uma pata partida ou defeituosa, corriam como se tivessem oito patas, até o Billy que é cego galgou todo o terreno, apercebendo-se que este tinha limites quando encostava a cabeça nos muros de vedação, voltando logo quase a trote noutra direcção exibindo a sua alegria cavando a terra e levantando poeira para todos os lados.
As reacções eram as mesmas, em todas as boxes. Primeiro medo, recusa em sair e cá fora, explosão de alegria.
Passado o tempo estipulado, voltavam com toda a tranquilidade para a box, visivelmente felizes e naturalmente um pouco fatigados.

Foi um pequeno passo dado. Para os animais que tiveram a felicidade de vir cá fora, tenho a certeza que ganharam novo ânimo, fé e esperança numa vida um pouco melhor, mesmo que esta seja o resto passada na Aanifeira.
Todavia existem neste momento cerca de 450 cães na Aanifeira e os voluntários são manifestamente insuficientes para poderem proporcionar a eles tantas saídas quanto o desejável. Para se ter uma ideia, nesse sábado apenas nos foi possível soltar 31 cães. Para quem não tem noção, isto necessita de ser gerido de forma a não haver perigo quer para os animais, quer para as pessoas. A gestão de um canil é bastante complexa. Precisamos de conjugar feitios e formas de estar, uns cães territoriais, outros submissos e ainda a existência de algumas hierarquias já estabelecidas que não podem ser perturbadas sob risco de quebrarmos o equilíbrio já existente.
Ou seja, a única forma de colmatar isso seria com um número de voluntários suficientes, com disponibilidade e fiabilidade para poderem proporcionar a todos os animais um momento periódico de liberdade que lhe daria uma qualidade de vida muito, mas muito superior à que dispõem neste momento.
É o nosso próximo desafio.

No link em anexo, poderá visualizar algumas imagens desse memorável dia.


http://aanifeira.googlepages.com/ParquedaPequenaFlor.pps


Victor Correia de Barros
Presidente

quarta-feira, agosto 08, 2007

Jaqueline

Ola meus amigos,
todos que acompanharam minha luta para colocar minha gatinha Jaqueline no convivio de meus demais gatinhos.

Infelizmente perdi esta luta!

Fiz tudo que foi possivel, quem me conhece sabe que durante 50 dias, vivi em função de salvar sua vida, dei todos os remédios, levei-a a Clínica todas as vezes que foram pedidas, as vezes duas, tres vezes por dia, passei noites e mais noites em claro, dei a ela toda segurança possivel.

No sabado, ela começou a desistir, começou a respirar mal, dando sinais de que estava cansada, começou a se isolar, parou de comer, se mantinha deitadinha em um canto e me olhava de longe, falando coisas que naquele momento eu não entendi.

Ontem, diante de sua piora e tentando de todas as formas salva-la, fizemos uma transfusão de sangue, acreditando que (pelo que foi passado) ela ressuscitaria em "meia hora", mas ela de fato não queria mais tentar nada e não foi isso que aconteceu.

Sua temperatura ja estava baixando, de fato estava respirando muito mal e me olhava como se falasse: "mamãe deixa eu descansar"...

Não me restou outra opção que não fosse obedece-la, atende-la.

Resolvi então, tira-la do soro, coloquei-a em meu colo, embrulhadinha, como se fosse um bebe, que de fato era, o meu bebe, contei que seus irmãozinhos que partiram estariam esperando por ela, onde ela teria de volta suas perninhas, sua saúde, sua alegria, sua vivacidade e esperei que chegasse o seu sono, sabendo que ela não acordaria mais.

Mas ela foi com dignidade, perdi ontem uma heroina, ela lutou e sei que lutou por mim, sei o quanto me amava, mas ficar comigo estava exigindo muito dela, deixei que ela optasse por ela mesma.

Claro que estou em frangalhos, perdi meu bebe, mas tambem sei que ela agora, neste momento esta feliz, correndo brincando e vivendo em um lindo jardim.

Jaqueline, quero que saiba que fiz o que pude para mante-la aqui, se em algum momento errei, minha querida, peço desculpas, desejo a vc toda a felicidade do mundo, muita alegria ao lado de seus irmãozinhos, curta seu jardim querida, pule, brinque, coma muito, daqui para frente quem vai te cuidar é Deus, vc não poderia estar em melhores mãos.

Foram 50 dias de luta e vc ganhou querida, vc ganhou, mostrou força, dignidade, lutou e venceu.

Nunca vou esquecer de vc, de seu rostinho, de sua força e de sua vitória, querida!

Que Deus te guarde para sempre!

Te amo querida, me espere, um dia estarei aí com vc e quero muit senti-la em meus braços novamente.

Parabéns querida, vc é uma vencedora!

Muitos beijos a vc,
Mamãe

Mônica L Martins

Chorei

Chorei,
Vendo um animal brincar.
E nele descansei,
O meu olhar.
Chorei,
Vendo um animal em extinção.
E lutarei
Pela sua recuperação.
Chorei,
Ouvindo um gato miar.
E no coração gravei,
A sua forma de cantar.
Chorei,
Vendo um animal abandonado.
E o alimentei,
Com agrado.
Chorei,
Vendo um animal morrer.
E implorei,
Para ele não sofrer.
Chorei,
Vendo um animal ser maltratado,
E lutei,
Contra o malvado.
Chorei,
Por um animal invulgar.
E me encantei,
Com o seu uivar.
Sempre lutarei,
Por momentos especiais.
Sempre chorarei,
Pelos animais

--
A todo o protector,
Do meu lobo adorado.
Caro defensor.
O meu sincero obrigado.
Escuta!
São uivos!
Lutemos para ouvir este som no futuro.
O lobo merece!

Viviana Gonçalves

VADIO

Vadio.
Fez nascer um brilho no meu olhar,
Era pequeno e terno como uma flor.
Pensei que estava a sonhar,
Mas senti o seu calor.
O seu olhar era triste,
E fiquei a pensar:
Será que o seu dono existe,
Ou não tem onde ficar?
Coragem para o deixar,
Claro que não havia.
Comigo veio morar,
E pelo caminho, seu olhar já sorria!
Com o latir de cachorro,
Logo me fez perceber:
A fome era muita,
E precisava de comer.
Muitos anos já passara
E o Vadio continua aqui.
Nunca mais o maltrataram,
E todos os dias, o seu olhar sorri!

Viviana Gonçalves

terça-feira, agosto 07, 2007

Reactivação do Blogue

Vou cair em lugar comum dizendo que o tempo voa...
Certo é que hoje apercebi-me que passaram 10 meses desde a última publicação deste blogue.
O surgimento do novo site em conjunto com as novas frentes de batalha às quais tivemos de acorrer, colocaram em plano muito secundário este meio mais informal de divulgação da Aanifeira.
Pretendemos, no entanto, retomá-lo e coloca-lo em plano de destaque, até porque o pouco formalismo a que está obrigado, facilita o seu uso e permite geri-lo dentro do tempo disponível.

Aproveitamos o facto de termos recebido alguns textos e histórias de grande valia, para o relançamento do blogue. As publicações que se seguirão, pretendem não só partilhar com todos algumas formas de ser, estar e sentir, como também permite-nos identificar-nos com elas ou parte delas.
Esperemos que sejam do vosso agrado.

Victor Correia de Barros
Presidente