domingo, outubro 08, 2006

Aanifeira - Ventos de mudança

ESTA É A NOSSA OBRA - AJUDE-NOS A CONTINUA-LA

Caros amigos dos animais:

Venho pelo presente pedir a sua ajuda para a concretização de um projecto que se pretende sério e de continuidade.

Vou tentar transmitir um relato realista e desprovido de qualquer sentimentalismo ou auto comiseração. Tarefa nada facilitada pelo facto de sermos movidos pela paixão pelos animais. Também não pretendo escamotear qualquer realidade e por isso farei todo o esforço para dar a imagem tão real quanto me é possível.

Antes de mais gostaria de me apresentar. Meu nome é Victor Correia de Barros (algumas pessoas que estão a ler este e-mail já me conhecem destas “andanças”) e sou, desde Fevereiro do corrente, altura em que se realizaram as eleições da associação, Presidente da Aanifeira. Assumi o comando desta nau, juntamente com uma direcção totalmente renovada, com o compromisso sério de trabalhar, lutar e mudar por completo o rumo que esta associação estava a levar.

Quando entrei na Aanifeira pela primeira vez, o choque foi tremendo. Fui invadido por uma série de sentimentos... dor, revolta, tristeza, incredulidade, angústia... queria fechar os olhos e sair daquele cenário dantesco rapidamente, queria esquecer o que tinha visto, queria ignorar a existência daquele “gueto” ou campo de concentração...

No entanto, nos dias que se seguiram não fui deixado em paz pela minha consciência que me dizia que tinha de fazer algo. Sem saber muito bem o quê, comecei a ponderar a ideia de ser voluntário e tentar mudar algo.
Sempre acreditei que para haver mudança, é preciso inserção e participação. A posição cómoda de ficar de fora a criticar o que está mal e condenar quem tenta fazer algo, não se coaduna com a minha forma de ser e de estar.
O impulso final foi dado pela Lígia Santos da SOSAnimal. Tínhamos estabelecido o primeiro contacto há pouco tempo por força de um apelo feito por mim relativo a uma cadela de nome Mel. Foi a Mel que me levou a pedir ajuda e albergue à Aanifeira a qual fui buscar na semana seguinte por achar que não era justo tira-la da rua para a meter ali...
A Lígia predispôs-se a ajudar-me, colocando à disposição os recursos da SOSAnimal.

Aos poucos comecei a integrar-me e a trabalhar arduamente numa autêntica missão impossível. Por muitas palavras que utilize, jamais conseguirei descrever com o que me deparei à medida que ia avançando.
Dificuldades em tudo que tentava fazer e o número de animais não parava de crescer por força da contínua recolha, reprodução e resgate dos animais do canil municipal.

Por vezes o desespero era total. A vontade de desistir e voltar as costas era enorme. Para ter forças para continuar, comecei a dedicar-me a pequenas vitórias.
Com a ajuda da SOSAnimal iniciamos a divulgação pela Internet, criamos uma caixa de e-mail, páginas no site da SOS, participação em algumas Campanhas e Eventos. Esse trabalho traduziu-se no imediato no aumento em 200% do número de adopções sendo que a esmagadora maioria eram crias reproduzidas e nascidas na Aanifeira. Ou seja, não se estava propriamente a combater o problema mas antes a paliar dentro de portas e a propaga-lo fora destas.
Claro que nem tudo era mau ou errado! Foram feitas algumas acções dignas e estou ciente que a maioria dos animais adoptados estão bem e interferimos definitivamente para a mudança da vida deles.

Em Março de 2005 a Aanifeira bateu no fundo... As dívidas a fornecedores (nomeadamente de ração) avultaram-se e vimo-nos numa situação desesperada ao ponto de estarmos 4 dias sem um grão de ração para dar aos animais.
Na urgência e nos momentos de crise como este, é imperativa uma rápida intervenção e com a ajuda da Maria Pinto Teixeira, lançamos um “mega” apelo a nível nacional via internet que se estendeu à comunicação social – jornais, rádios e televisão relataram a grave situação em que a Aanifeira se encontrava. Foi ouvido e compreendido por diversas pessoas e entidades de todo o Portugal e no estrangeiro (França, Suíça, Alemanha, Japão, só para enumerar alguns), que de imediato nos fizeram chegar ajuda, nomeadamente em comida e dinheiro.
Havia uma questão complicada de ultrapassar por causa dos donativos, pois por questões legais não resolvidas, a associação não dispunha de conta bancária para receber donativos e a tesouraria estava um pouco tripartida... Um pouco a revelia, e também devido à urgência da situação, assumi a responsabilidade da tesouraria colocando à disposição a minha conta bancária e o meu NIB até se ultrapassar os problemas burocráticos.
Progressivamente e com a ajuda de muita gente conseguimos reunir verbas para liquidar algumas dívidas e criamos um banco alimentar que nos permitiu respirar um pouco e sair do imenso buraco em que estávamos metidos.

Foi o início da viragem!

Com toda esta situação começaram a surgir pessoas a querer ajudar mais um pouco e a formar um grupo de voluntariado.
Muitos foram os que chegaram, viram e não aguentaram. Não aguentaram as condições, o sofrimento, o trabalho...
Mas outros vieram e acreditaram que podiam fazer a diferença.
No início do Verão do ano passado, o grupo de voluntários então no activo e liderada por mim, fez pressão e impôs uma medida para que não fossem recolhidos mais animais. Um pouco após, a Câmara Municipal determinou que a Associação não poderia resgatar mais animais do canil por força de uma inspecção realizada.
Esta inspecção, apesar de colocar em causa a continuidade da Aanifeira, deu-nos força para lutar pela mudança que se impunha. Foi o tempo de organizar o grupo de trabalho e “forçar” a convocação de eleições para que estas alterações se efectivassem.

Estas alterações, no entanto, iniciaram-se uns meses antes das eleições com uma aposta clara na divulgação e na realização de campanhas e eventos.
Começaram a realizar-se não só a nível local, com a nossa presença mensal num hipermercado de Santa Maria da Feira, e em festas populares nas freguesias e concelhos limítrofes, como também a nível nacional, com presença em várias localidades onde nos era possível estar – FIL em Lisboa; Exponor no Porto; Exposalão na Batalha; Feiras de Leiria, Penafiel, Matosinhos, Cortegaça, etc.
Para dar um pouco mais de força à nossa imagem e credibilidade, convidamos algumas personalidades para apadrinharem a Aanifeira, que aceitaram de bom grado após (re)conhecerem o nosso esforço – Miguel Vieira (estilista), Sandra Cóias (modelo/actriz) e os EZ-Special (grupo musical).
Realizamos três festas com o intuito de divulgação e de angariação de fundos às quais denominamos a que passaria a ser a nossa marca comercial – Cats & Dogs – acrescentando o Party para a festa em questão – em S. João da Madeira (Citrus Bar), em Santa Maria da Feira (discoteca Maria.pt) e no Porto (discoteca Estado Novo).
Criamos uma linha de artigos para venda com a mesma marca – t-shirts e swets, lápis, canetas, pins…
Conseguimos espaços semanais em Jornais locais – Terras da Feira, Correio da Feira, O Labor e O Regional e alguns espaços esporádicos em jornais nacionais como o Jornal de Notícias, Correio da Manhã, 24 Horas e Destak.
Iniciamos algumas palestras de sensibilização em escolas e centros sociais.

Paralelamente a isso, fomos trabalhando também internamente, apesar de todas as dificuldades, problemas e obstáculos. Iniciamos alguns ciclos de esterilizações. Efectuamos pequenas obras de limpeza (o abrigo estava a entrar em degradação total) recorrendo a todos os recursos possíveis e imaginários para do pouco fazer muito. Destaco aqui a título de exemplos a solicitação que fizemos ao 3º Regimento de Engenharia de Espinho que efectuou um trabalho de limpeza extraordinário sob o signo de trabalho comunitário; e um grupo de jovens voluntários de Braga vieram à Aanifeira em duas ocasiões efectuando também eles todo um serviço de limpeza a fundo, pintura e algumas reparações – este grupo, não sei se por influência das visitas efectuadas à Aanifeira, acabaria por fundar uma associação na cidade de onde são oriundos – a ABRA e têm feito um trabalho absolutamente extraordinário.
Angariação de novos sócios, criação de um sistema de apadrinhamentos para quem não pode adoptar ou quer ajudar de uma outra forma.

Mas para as grandes mudanças terem lugar, era necessário haver uma nova liderança.
Ao longo deste tempo aqueles voluntários que foram ficando e acreditaram que poderiam fazer algo pela Aanifeira, acabaram por formar o núcleo duro da mesma. Desse núcleo nasceu um grupo que viria a formar a lista candidata à nova direcção da Aanifeira.

Sete meses após, é altura de efectuar um balanço, transmitir o que já foi feito e dizer o muito que ainda há para fazer.

O programa de acção desta direcção passava por três áreas – Burocrática, Divulgação e Campo. Em pouco mais de meio ano fizemos mais do que nos propúnhamos fazer no biénio do nosso mandado.

Burocracia – Regularizamos as situações fiscais e legais da associação. Além de passarmos a estar dentro da legalidade, esta situação permitiu-nos numa primeira abordagem a abertura de contas bancárias, algo pelo qual já vinha lutando há muito tempo porque a conta utilizada até então era a minha.
Posso já anunciar uma conta da Aanifeira aberta para onde poderão ser efectuados os donativos, pagamento de quotas e pagamentos do nosso “merchandising”, no BPI – 0010.0000.37320420001.24.
Esta “legalidade” também nos permite candidatar-nos a outros projectos nos quais já estamos a trabalhar e que em tempo oportuno serão comunicados.

Divulgação – Mantivemos as campanhas e eventos marcando presença em locais importantes e estratégicos. Além disso passamos a imprimir uma dinâmica muito pró-activa que nos trouxe muitos mais benefícios em termos de apoios e resultados em termos de divulgação.
Reforçamos as nossas posições nos jornais, procurando sempre a divulgação e sensibilização; estivemos a convite da RTP por 5 vezes nos programas “Praça da Alegria” e "
Portugal no Coração" e numa das vezes foi feito dois directos “in loco” nas instalações da Aanifeira; há cerca de um mês conseguimos um espaço numa rádio regional, em horário nobre. A rádio é a RCF – Rádio Clube da Feira, 104.7 F M do distrito de Aveiro (em alguns locais do distrito do Porto também é audível). O programa chama-se “O melhor amigo do cão” com transmissão à segunda-feira das 19 às 20 horas. O objectivo é o mesmo – sensibilização e divulgação.
Criamos um blog onde podem ser vistas algumas notícias da Aanifeira, entre as quais este relato na íntegra –
http://aanifeiranoticias.blogspot.com – e estamos a trabalhar no novo site da associação que se pretende mais dinâmico e rotativo.

Campo – o objectivo principal desta área e para a qual as duas anteriores estão vocacionadas, é proporcionar aos animais um local condigno e com as melhores condições possíveis. Naturalmente que este é um trabalho que nunca terá fim, porque é de facto nosso objectivo que os animais tenham cada vez mais e melhor.
Dentro deste pressuposto, existem duas vertentes.
A primeira, e preferencial, é que seja um local de passagem até o animal ser adoptado. Nesta passagem, pretende-se recuperar o animal do trauma do abandono e de eventuais problemas de saúde, apostando de seguida na sua divulgação para que tenha uma boa adopção.
A segunda vertente é para aqueles animais, que devido à sua condição – idade avançada, deficiência ou inestética (esta última naturalmente muito discutível) – nunca será adoptado. Como a prática da eutanásia na Aanifeira é último dos recursos e aplicável apenas e só quando o animal está em sofrimento e não há recuperação possível, haverão animais que serão residentes até ao fim dos seus dias. Então a nossa aposta passará por lhes oferecer o melhor que podemos e estiver ao nosso alcance para compensar a falta de um lar.
Para atingir estes objectivos a nossa aposta passa por algumas áreas de relevante importância.
A primeira passa forçosamente pela redução da população. É incomportável, pelos variadíssimos motivos, viver com uma sobrepopulação, a principalmente pelo espaço que os animais necessitam para terem alguma qualidade de vida. Do incrível número de 750 animais em meados do ano passado, passamos para o ainda não ideal 550 em Setembro do corrente. Ainda assim estamos longe do ideal (este número seriam à volta de 400 após finalização das obras). Conseguiu-se esta redução em primeiro porque recusamos determinantemente a entrada de animais, por muito dramáticas que sejam essas situações (e surgem diariamente) e por muito que nos doa bem fundo não poder acudir. A ajuda que nos propomos a dar é através da divulgação e das campanhas e já temos conseguido ajudar muitas pessoas que nos vêm pedir ajuda. Segundo porque conseguimos, apesar da muita dificuldade e à desordem ilógica em que os animais se encontravam, evitar quase a 100% o nascimento de crias. Terceiro devido às apostas na adopções bem sucedidas de adultos. E por último devido às razões da natureza que determina o prazo de vida dos seres vivos.
O grande objectivo da redução da população para os mínimos possíveis, tem em vista a Aanifeira poder voltar a cumprir propósito para que foi criada – recolher, albergar e tratar animais abandonados. Acreditem que ninguém quer mais isso do que nós! Só que neste momento é-nos impossível.
A segunda área da nossa aposta passa pela profilaxia e saúde dos animais. Para o efeito, contratamos profissionais da área Veterinária e estabelecemos protocolo com uma clínica veterinária.
Com este serviço na Aanifeira, os animais adoptados vão desparasitados, vacinados e com microchip, aplicando-se uma taxa de adopção. Mas isto é apenas o que é visível para o grande público, porque na verdade é uma pequeníssima parte do trabalho Veterinário que está a ser feito (apesar de o considerarmos muito importante para a saúde e segurança do animal adoptado).
Nestes 7 meses já esterilizamos mais de 90 animais (pode parecer um número não muito elevado comparativamente à população, mas é um esforço financeiro enorme para uma associação sem fins lucrativos, mesmo tendo um protocolo com a clínica que o reduz substancialmente), efectuaram-se algumas cirurgias de patologias graves e conseguiu-se controlar (ainda não erradicar, infelizmente) um flagelo que não sendo grave, afecta e prejudica pelos vários motivos – a sarna. Além de muitas outras situações, a presença de um olho clínico detecta muito mais facilmente patologias que um olho leigo não vê e isso tem-nos evitado males maiores.
A terceira área e talvez a mais importante de todas é as obras. Considero que nesta área foi a maior vitória desta direcção, contudo é aquela que nos coloca em maiores dificuldades financeiras.
Foi uma vitória da diplomacia. Se até então Câmara Municipal e Aanifeira estavam de costas voltadas, passaram a ter um relacionamento bastante cordial porque fomos capazes de demonstrar que queríamos fazer um trabalho sério e capaz. Naturalmente que a Câmara de Santa Maria da Feira, como muitas outras câmaras deste país, não vive numa situação económica desafogada e infelizmente para nós, e para muitos como nós, a causa animal não é prioritária. No entanto o Vereador do nosso pelouro encontrou alguns meios de ajudar, disponibilizando, ou encontrando pessoas que disponibilizassem, materiais de construção.
Foi também uma vitória de uma boa gestão económica. Os vários donativos que nos têm sido oferecidos, conjuntamente com algumas ofertas, nomeadamente de empresas de ração, mas também muitas outras ajudas conjuntamente com um sacrifício tremendo que tem sido feito, permitiram-nos dar um pequeno passo para pagar parte da sempre muito cara mão-de-obra.
Só que infelizmente é insuficiente…

Precisamos de mais. De muito mais para poder continuar a obra que foi feita até aqui, porque este impacto inicial é de elevada monta e por muito esforço que façamos e posso garantir que tem sido um esforço brutal, sozinhos nunca conseguiremos.

Precisamos da ajuda de todos e acredito que com essa ajuda conseguiremos concretizar o sonho de tornar a Aanifeira num local onde um animal tenha uma qualidade de vida tão próxima quanto possível de um lar.

O meu apelo vai nesse sentido e é dirigido a particulares e empresas que queiram fazer parte desse sonho.
A particulares que por muito pouco que a sua ajuda lhe possa parecer, pode fazer toda a diferença.
Às empresas endereço o convite de estabelecer parcerias que possam ser vantajosas, porque acredito que tanto a Aanifeira como aqueles que se juntarem a nós irão tirar dividendos num futuro não muito longínquo. Ficaremos muito honrados em publicitar parcerias e patrocínios, tanto no nosso site e e-mail como em todos os meios de comunicação que nos forem permitidos.

Termino este longo relato convidando a ver a nossa obra, ou através das fotos publicadas numa página do nosso e-mail cujo o endereço é o http://aanifeira.googlepages.com/home
, ou vindo visitar-nos pessoalmente na Zona Industrial de Mosteirô em Santa Maria da Feira.

Citando um membro da minha direcção – “Juntos podemos fazer a diferença”

Obrigado pela sua atenção

Victor Correia de Barros
Presidente

quinta-feira, outubro 05, 2006

Novo recibo da Aanifeira


Caros Sócios e Amigos da Aanifeira:

Este é o novo recibo da Aanifeira o qual deverão solicitar sempre que efectuarem um donativo, pagamento de quota, ou qualquer tipo de entrega em dinheiro.
Por favor ajude-nos a combater as fraudes contra quem usa o bom-nome desta associação em proveito próprio. Preferencialmente, efectue o seu pagamento da quota ou a sua entrega de donativo directamente à Aanifeira, enviando um cheque nominal à associação ou em alternativa efectuando transferência bancária para a conta da Aanifeira – 0010.0000.37320420001.24 do Banco BPI.
Gostaríamos de chamar a vossa especial atenção para o facto de haverem alguns dos nossos colaboradores que fazem pedidos de contribuição porta a porta e aos quais deverá ser pedida a identificação pois não irão munidos de recibos. Estes (recibos) serão enviados posteriormente por via correio num prazo máximo de uma semana. Se não receber o recibo dentro desse prazo, por favor entre em contacto connosco e forneça-nos a identificação da pessoa que recolheu o donativo ou quota.

Muito obrigado pela sua colaboração

Victor Correia de Barros
Presidente da Aanifeira

terça-feira, outubro 03, 2006

Acabar com as touradas...

As três visões sobre as touradas que se seguem já deveriam ter sido publicadas em tempo útil. Mas esse tempo é sempre actual e será sempre enquanto o último toureiro não abandonar os últimos instrumentos de tortura.

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No seguimento do vosso pedido de opinião relativamente às touradas, venho por este meio informar V. Exa. que pessoalmente (não se trata de uma posição enquanto Médico Veterinário Municipal) não sou grande aficcionado, nem nutro grande empatia por estes eventos.
No entanto, alegando tradição ou outros motivos, realizam-se estas concentrações, que devem sempre estar supervisionadas por um Médico Veterinário da escolha da organização e requeridas as licenças municipais e da Direcção Geral de Veterinária, garantindo as necessárias condições de alojamento e bem estar animal e o mínimo de sofrimento dos mesmos.

Com os melhores cumprimentos,

O Médico Veterinário Municipal,

Rui Jardim

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Pobreza de espírito
Não vejo razão para isto. Ainda assim, todos aplaudem. A tensão nervosa, a investida, a dor, o sangue... Os neuróticos serão todos atraídos para semelhantes actos? Devem ser. Mais uma estocada, mais sangue, mais aplausos.
Vamos todos às touradas. Ver bandarilhas a serem cravadas na carne de um animal que investe para se defender, porque não tem outra hipótese, porque só sairá da arena morto ou pronto para isso. E que tal as "estocadas de morte"? A espada "deveria" encontrar directamente o coração e mostrar, no fim de tanto tempo de sofrimento, alguma piedade. Mas quantas vezes se engana e trespassa os pulmões do animal, deixando que morra em agonia a sufocar com o seu próprio sangue? Mas isso não interessa. Mais sangue, mais dor = mais aplausos = mais dinheiro.
O Homem gosta do sofrimento alheio. Muitos portugueses parecem ser peritos nesse divertimento. Talvez porque só sintam que a sua miserabilidade só seja atenuada se virem ou sentirem algo pior. E quando essa miséria é pobreza de espírito, pouco há a fazer...
Rui Valente


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Artigo publicado n"O Regional" - Semanal de S. João da Madeira

Não se compreende que em pleno século XXI se continue a falar e a desenrolar “espectáculos” em que a TORTURA e o SANGUE de animais faz vibrar aqueles que a eles assistem e inclusive pagam para ter este prazer! Será que recuamos na máquina do tempo, uns séculos atrás, e fomos parar ás arenas da decadência do Império Romano? Como o próprio Presidente da Associação, Victor Barros afirmou “ 2000 anos após os circos Romanos, eís-nos perante a faceta mais vil do dito ser humano. Substitui-se os Cristãos pelos touros e mantém-se o mesmo espectáculo sangrento para gáudio de uma multidão sádica e ávida do sofrimento alheio. É inaceitável que em pleno século XXI esta decadência ainda possa ter espaço! Será que alguma da civilização portuguesa está a retroceder? Sim! Porque uma esmagadora maioria de portugueses já expressou em sondagens feitas, o seu total repúdio pelas bárbaras e sangrentas touradas, disseram NÃO aos toiros de morte!
As touradas desde há séculos que são condenadas por grandes figuras da história, citando o caso do Papa Pio V, que no ano de 1566 excomungou todos aqueles que praticassem ou assistissem a touradas. Já João Paulo II pontificou sobre a protecção dos animais por parte de todos os Cristãos. Para Ernest Hemingway, Prémio Nobel da Literatura, antigo aficionado, acabou por considerar que “ Nas touradas, logo à partida, tudo está preparado para massacrar o animal”. Já com um cariz mais próximo, mais familiar à Associação, os Padrinhos Ez Special, quiseram também eles marcar a sua posição relativamente a esta polémica temática, até porque são uma banda feirense e como é do conhecimento de alguns, no último dia 23 de Julho, realizou-se em Santa Maria da Feira e pela primeira vez, um espectáculo deste género! O 1º Grandioso Festival Taurino, assim o apelidaram, provocou o sofrimento em arena a 6 toiros! Para os músicos de Santa Maria da Feira, “As touradas, enquanto forma de espectáculo reflectem a necessidade de demonstrar a supremacia do Homem sobre o animal. Servem para nos lembrar que ainda há quem sinta a necessidade de provocar o sofrimento a animais para se sentir mais elevado e satisfeito. Aliás, não é novidade nenhuma, pois bem mais graves são os casos de sofrimento imposto no mundo, infligidos por pessoas sobre outras pessoas”. Os Padrinhos da Aanifeira são categóricos ao referir que “As touradas, enquanto documento histórico, servem para demonstrar como a humanidade tem evoluído tanto em tão pouco tempo, pois tem deixado de ser motivo para atracção popular, senão de alguns que ainda não entenderam a sua falta de pertinência ou justificação”!


Adília Matos Cardoso

domingo, agosto 06, 2006

O fim das touradas



Semana passada, foi publicada a opinião do Sr. Victor Barros, presidente da Associação Aanifeira, que foi muito elogiada e comentada pela positiva. Desde já agradeço a todas as pessoas que leram o artigo e tiveram a gentileza de nos telefonar agradecendo por termos tido a coragem de não ceder a pressões e dando-nos os parabéns, pela nossa forma de protesto ser desta maneira: inteligente, pacifica e verdadeira.
Esta semana, após alguns contactos feitos, conseguimos obter algumas opiniões de figuras publicas, dentre elas os nossos queridos padrinhos Ez Special, que mais uma vez, estão ao nosso lado, e não tem problemas alguns em dizerem o que pensam em relação as touradas.
Ez Special, o nosso muito obrigado pela vossa atenção e cuidado para com os animais. Embora muito ocupados, não deixaram de dizer, escrever umas palavrinhas. Parabéns! Vocês são um exemplo a seguir.

Aqui segue a posição dos EZ Special quanto às touradas:

“As touradas são uma óptima forma de nos lembrarmos que o passado já lá vai.
Enquanto documento histórico, servem para demonstrar como a humanidade tem evoluído tanto em tão pouco tempo, pois têm deixado de ser motivo para atracção popular, senão de alguns que ainda não entenderam a sua falta de pertinência ou justificação.
Enquanto forma de espectáculo que reflecte a necessidade de demonstração da supremacia do homem sobre o animal, as touradas servem para nos lembrar que ainda há quem sinta a necessidade de provocar o sofrimento a animais para se poder sentir mais elevado e satisfeito. Não é novidade nenhuma, pois bem mais graves são os casos de sofrimento imposto no mundo, infligidos por pessoas sobre outras pessoas.
A expressão através da Arte é uma nobre característica humana. Os espectáculos são uma das formas de expressão artística e têm contribuído, ao longo dos tempos, para a evolução das consciências críticas e da própria humanidade. Consequentemente, servem também como registo histórico das mais elementares motivações humanas através dos tempos.
Ou seja, a falência das touradas enquanto fenómeno social, e o seu actual enquadramento, que pressupõe a sua defesa apenas com recurso ao que alguns chamam de "tradição", leva-nos a bater palmas. O fim das touradas, esse sim, é um espectáculo digno de se ver.”

Palavras para que? Resta-me deixar os nossos sites
e o nosso novo blog
visite e dê a sua opinião, deixe o seu comentário , e ajudem-nos a ajuda-los!
Também fica aqui uma forma nova de ajudar a Aanifeira, se comprar qualquer artigo através deste link
estará ajudando a Aanifeira a conseguir fundos para terminar as suas obras de reestruturação do seu albergue canino. Por favor, não deixe de nos ajudar! A responsabilidade é de todos!
Nossos contactos: 962862590/961912996
Até para a semana se Deus quiser
Ângela Quaresma

sexta-feira, julho 28, 2006

Viagem Medieval em Terras de Santa Maria

Quis o destino que este blog fosse criado numa altura em que decorreu um acontecimento muito triste na história do concelho sede desta Associação. Não será forma certamente a melhor forma de iniciar um blog, mas certos timings não são por nós demarcados e porque é imperativo que uma Associação de defesa dos direitos dos animais grite em defesa deles, manda a nossa consciência que se processe assim...
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Viagem Medieval em Terras de Santa Maria


"No final desta semana irá dar início na cidade de Santa Maria da Feira a edição de 2006 da Viagem Medieval.
Aos poucos, este acontecimento cultural está a tornar-se um dos mais importantes desta cidade e a transformar-se numa tradição ao nível da Festa das Fogaceiras (salve-se as diferenças).
Neste evento, pretende recrear as realidades de épocas passadas, desde os tempos em que D. Afonso Henriques andava à conquista e expansão do reino de Portugal, até à época dos descobrimentos.
Tempos românticos dos cavaleiros e princesas, castelos e reinos, dos torneios e arraiais.
Mas igualmente tempos tormentosos das pestes e guerras, da inquisição e queimas de bruxas, de injustiças e execuções públicas.

Umas das facetas desse tempo era o chamado Sítio dos Tormentos onde “a justiça medieval tinha na praça o seu local favorito. Empicotamento, açoites, entreamento de mulheres “bravas” e mesmo as mutilações, eram castigos banais efectuados em praça pública.
Os criminosos de braços ao pescoço e mãos atadas, faziam um percurso pelas ruas do burgo, acompanhados de um pregoeiro que anunciava a sentença. Os justiciados eram sujeitos a um interrogatório, muitas vezes acompanhado de torturas e castigos, procurando desta forma, obter a prova da sua culpabilidade.

Tempos onde quem roubava um pão para matar a fome que o atormentava, era imediatamente condenado à forca, tivesse 7 ou 77 anos. Tempos onde a nobreza e o clero competiam e partilhavam entre si o reino e o povo. Tempos onde os senhores feudais punham e dispunham dos seus súbditos, explorando a sua mão-de-obra e violava os seus filhos, coisas que hoje em dia, creio, que todos unanimemente abominamos.

Tradições de outros tempos que felizmente foram desaparecendo paralelamente à evolução do ser humano e que hoje fazem parte da memória de uma sociedade e que são revividas e que são encenadas de forma a retratar o mais verosímil possível essa época.

Em tempos que já lá vão – nos tempos de nossos avós – maltratar um animal não causava remorsos à maioria das pessoas.
A geração seguinte já cresceu na crença que os animais também sentem e devem ser respeitados.
Um pouco após uma década do meu nascimento, era proclamada pela UNESCO e aprovada pela ONU, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais onde se considera logo abrir que “TODO o animal possui direitos” e ao longo de toda a Declaração refere que estes têm de ser respeitados.

Esta Declaração foi aceite e tornada Lei na esmagadora maioria dos países que da ONU fazem parte. Alguns países, cuja população é por todos os aspectos considerada mais evoluída, não só a tornaram Lei, como a cumprem e fazem-na cumprir escrupulosamente.

Infelizmente países como Portugal, cuja evolução parece ter estagnado na Época Medieval, apenas se limitam a fazer leis decorativas, ou pior ainda, aprovar leis que vão contra uma Declaração também por nós ratificada e aprovada, pois Portugal também faz parte destes dois organismos – UNESCO e ONU.

Diz o Artigo 10º desta declaração:
“1. Nenhum animal deve de ser explorado para divertimento do homem.
2. As exibições de animais e os espectáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal.”

Os “espectáculos” tauromáquicos são, vergonhosamente, autorizados pela legislação em vigor neste país. Uma legislação à margem da lei geral de protecção animal.
A justificação para a existência dessa excepção, prende-se com o facto de essa barbárie fazer parte da “tradição” portuguesa.
Excepção que vai contra todos os princípios da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, nomeadamente no descrito no Artigo 3º:
“1. Nenhum animal será submetido nem a maus-tratos nem a actos cruéis.
2. Se for necessário matar um animal, ele deve de ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não provocar-lhe angústia.”
As touradas são a antítese deste artigo...
O touro é sujeito a actos cruéis e a maus-tratos desde a mais terna idade até à entrada na arena. Aí a crueldade intensifica-se e ele é morto lenta e dolorosamente, angustiando e ansiando a morte, que na esmagadora maioria das vezes apenas ocorre muitas horas após a saída da arena.

Injustificadamente esta tradição manteve-se e mantém-se no sul do país, fazendo prevalecer a vontade de uma boa meia dúzia de “senhores” poderosos, em tudo fazendo lembrar os senhores feudais da época medieval.

Inqualificáveis são as tentativas de alargar essa “tradição” a todo o território nacional, sob o olhar passivo de quem tem o poder para intervir e não o faz.

Domingo, 23 de Julho de 2006, foi um dia de vergonha e decadência para a cidade de Santa Maria da Feira.

Não sou Feirense e há poucos anos que frequento esta cidade. Mas neste pouco tempo como voluntário e há menos tempo como Presidente de uma Associação de defesa e protecção animal, julgo poder falar com toda a propriedade deste acontecimento que julgo ter sido o primeiro na história deste concelho.
Tenho a plena certeza que à esmagadora maioria dos feirenses passou ao lado este triste acontecimento. A mesma certeza prevalece que, contrariamente ao grupo recreativo organizador deste degradante evento, as pessoas desta cidade repudiam esta forma brutal de violência só comparada aos circos romanos do início da era Cristã.
As minhas certezas são confirmadas pelo secretismo com que a organização planeou tudo isto, havendo mesmo desconhecimento por parte da maioria das autoridades até à última hora.
Da parte da Aanifeira só tivemos conhecimento dois dias antes do mesmo. Cartazes muito tímidos espalhados em alguns pontos da cidade, como que anunciar uma execução pública de uma pobre alma condenada ao inferno.

Fomos tentados a agir, a protestar, a tentar por todos os meios evitar que esta barbárie se processasse. A minha vontade como cidadão comum, como amante da Vida e dos animais seria montar porta de armas na Zona Industrial do Roligo, em Espargo e impedir com todas as forças que os carrascos executassem a tortura para o qual tinham sido contratados.
No entanto, e porque lidamos diariamente com abandono e maus-tratos de animais, sabemos que o caminho não é, nem pode ser esse.

A nossa missão é consciencializar, alertar e precaver!

É nesse sentido e porque acreditamos na “vox populis” que optamos por dar voz às pessoas para que manifestem publicamente a sua opinião, abrir uma discussão pública para que de uma vez por todas a população portuguesa entre em definitivo no século XXI, e que as touradas façam parte de um passado tão longínquo como o é a Viagem Medieval."

Victor Correia de Barros


Envie-nos a sua opinião para
aanifeira@gmail.com ou como comentário a este “post”

Notícias da Aanifeira


A partir de hoje iremos começar a utilizar este Blog para dar conta de todas as notícias da Aanifeira. As nossas actividades, campanhas, eventos, adopções, apadrinhamentos, voluntariado, obras, informações de carácter geral, enfim, um sem número de acontecimentos relacionados com a Aanifeira e com um único objectivo...
Salvar animais.
Para isso precisamos da sua ajuda!
Ajude-nos a salvar animais.