terça-feira, outubro 03, 2006

Acabar com as touradas...

As três visões sobre as touradas que se seguem já deveriam ter sido publicadas em tempo útil. Mas esse tempo é sempre actual e será sempre enquanto o último toureiro não abandonar os últimos instrumentos de tortura.

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No seguimento do vosso pedido de opinião relativamente às touradas, venho por este meio informar V. Exa. que pessoalmente (não se trata de uma posição enquanto Médico Veterinário Municipal) não sou grande aficcionado, nem nutro grande empatia por estes eventos.
No entanto, alegando tradição ou outros motivos, realizam-se estas concentrações, que devem sempre estar supervisionadas por um Médico Veterinário da escolha da organização e requeridas as licenças municipais e da Direcção Geral de Veterinária, garantindo as necessárias condições de alojamento e bem estar animal e o mínimo de sofrimento dos mesmos.

Com os melhores cumprimentos,

O Médico Veterinário Municipal,

Rui Jardim

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Pobreza de espírito
Não vejo razão para isto. Ainda assim, todos aplaudem. A tensão nervosa, a investida, a dor, o sangue... Os neuróticos serão todos atraídos para semelhantes actos? Devem ser. Mais uma estocada, mais sangue, mais aplausos.
Vamos todos às touradas. Ver bandarilhas a serem cravadas na carne de um animal que investe para se defender, porque não tem outra hipótese, porque só sairá da arena morto ou pronto para isso. E que tal as "estocadas de morte"? A espada "deveria" encontrar directamente o coração e mostrar, no fim de tanto tempo de sofrimento, alguma piedade. Mas quantas vezes se engana e trespassa os pulmões do animal, deixando que morra em agonia a sufocar com o seu próprio sangue? Mas isso não interessa. Mais sangue, mais dor = mais aplausos = mais dinheiro.
O Homem gosta do sofrimento alheio. Muitos portugueses parecem ser peritos nesse divertimento. Talvez porque só sintam que a sua miserabilidade só seja atenuada se virem ou sentirem algo pior. E quando essa miséria é pobreza de espírito, pouco há a fazer...
Rui Valente


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Artigo publicado n"O Regional" - Semanal de S. João da Madeira

Não se compreende que em pleno século XXI se continue a falar e a desenrolar “espectáculos” em que a TORTURA e o SANGUE de animais faz vibrar aqueles que a eles assistem e inclusive pagam para ter este prazer! Será que recuamos na máquina do tempo, uns séculos atrás, e fomos parar ás arenas da decadência do Império Romano? Como o próprio Presidente da Associação, Victor Barros afirmou “ 2000 anos após os circos Romanos, eís-nos perante a faceta mais vil do dito ser humano. Substitui-se os Cristãos pelos touros e mantém-se o mesmo espectáculo sangrento para gáudio de uma multidão sádica e ávida do sofrimento alheio. É inaceitável que em pleno século XXI esta decadência ainda possa ter espaço! Será que alguma da civilização portuguesa está a retroceder? Sim! Porque uma esmagadora maioria de portugueses já expressou em sondagens feitas, o seu total repúdio pelas bárbaras e sangrentas touradas, disseram NÃO aos toiros de morte!
As touradas desde há séculos que são condenadas por grandes figuras da história, citando o caso do Papa Pio V, que no ano de 1566 excomungou todos aqueles que praticassem ou assistissem a touradas. Já João Paulo II pontificou sobre a protecção dos animais por parte de todos os Cristãos. Para Ernest Hemingway, Prémio Nobel da Literatura, antigo aficionado, acabou por considerar que “ Nas touradas, logo à partida, tudo está preparado para massacrar o animal”. Já com um cariz mais próximo, mais familiar à Associação, os Padrinhos Ez Special, quiseram também eles marcar a sua posição relativamente a esta polémica temática, até porque são uma banda feirense e como é do conhecimento de alguns, no último dia 23 de Julho, realizou-se em Santa Maria da Feira e pela primeira vez, um espectáculo deste género! O 1º Grandioso Festival Taurino, assim o apelidaram, provocou o sofrimento em arena a 6 toiros! Para os músicos de Santa Maria da Feira, “As touradas, enquanto forma de espectáculo reflectem a necessidade de demonstrar a supremacia do Homem sobre o animal. Servem para nos lembrar que ainda há quem sinta a necessidade de provocar o sofrimento a animais para se sentir mais elevado e satisfeito. Aliás, não é novidade nenhuma, pois bem mais graves são os casos de sofrimento imposto no mundo, infligidos por pessoas sobre outras pessoas”. Os Padrinhos da Aanifeira são categóricos ao referir que “As touradas, enquanto documento histórico, servem para demonstrar como a humanidade tem evoluído tanto em tão pouco tempo, pois tem deixado de ser motivo para atracção popular, senão de alguns que ainda não entenderam a sua falta de pertinência ou justificação”!


Adília Matos Cardoso

2 comentários:

Help Us! Animals wordwilde disse...

Estive a ler estes 3 textos e fico com a impressão que a maior partes das pessoas é contra as touradas, mas nada se faz para se acabar com elas. Este ano então foi por demais, houve quase todas as semanas. Em vez de estarema acabar, parece que cada vez há mais. O que fazer então? Portugal, continua atrasado, e parece que gosta. Qual tradição, ou cultura. É simplesmente um espectáculo macábro. Os touros e os cavalos sofrem horrores, e nem um vet pode salvá-los do sofrimento.Enquanto não houver uma campanha forte, isto não vai terminar

Anónimo disse...

acho muito bem que acabem com as touradas porque os animais deviam ter o mesmo derieto de viver como os humanos. Espero que as touradas acabem mesmo. obrigada e não desistam.